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domingo, 1 de janeiro de 2012

Godinho Lopes - Entrevista a O JOGO (completa)



Qual é o retrato financeiro do Sporting?
O resultado da auditoria demonstrou o que conhecíamos em Março. A situação do Sporting é caótica, todos os dias são um drama pela falta de tesouraria. Vinha para um desafio complicado, mas sabia que era importante a credibilidade e a capacidade de gerir. Com um bocado de sobranceria, entendo que tenho essas duas qualidades. Isso faz com que tenha de arranjar dinheiro no dia-a-dia e pensar no futuro, para pagar de forma responsável a dívida.
Pode precisar o valor do passivo?
São os mesmos que falávamos. O valor de hoje são 276 milhões de euros.
O investimento no futebol ligeiramente superior ao previsto teve peso?
Não. Encontrámos parceiros que permitiram fazer o investimento previsto. Mas herdámos um clube com tesouraria negativa, com custos superiores às receitas, resultados operacionais negativos, e para inverter esta situação havia duas formas de fazer: ou desinvestíamos, definhando o clube com menores prestações no futebol, menos receitas e entrávamos num ciclo vicioso; ou decidíamos investir e teoricamente aumentar os custos. Mas estou a tentar em três anos aumentar receitas para pagar esses custos. Dá uma ponte intermédia de resultados negativos, mas garante-me a médio prazo ter um Sporting vivo, senão morreria.
As receitas aquém do esperado reflectem já os efeitos da crise?
O Sporting já sabia que este ano iria fazer 50 ou 53 milhões de euros de vendas, vamos ficar na casa dos 50, mas o objectivo é chegar à casa dos 80 milhões sem venda de jogadores e sem Liga dos Campeões. Para que isso aconteça, tenho de aumentar receitas e não consigo fazê-lo no primeiro ano. Estou a fazer negociações este ano para aumentar na época 2012/13 e, depois, atingir o nível pretendido em 2013/14.
Como planeia engordá-las?
A primeira coisa é tentar que este investimento traga maiores receitas directas, que os próximos anos sejam melhores em termos de venda de Gamebox, camarotes e bilhética. É uma receita única. Queremos melhorar a receita de sponsorização e publicidade. Depois os direitos de televisão que estão contratualizados vão melhorar em 2014. Queremos duplicar o número de sócios e de receitas. Queremos colocar as Academias e alargar a rede. A outra questão são os direitos de imagem.
Está a pensar num "naming" para o Estádio?
Sim, claro.
É para avançar na próxima época?
Não, é coisa que estamos a trabalhar. É uma preocupação. A Academia do Sporting já teve nome.
Há alguma expectativa do valor a receber pela venda dos direitos de denominação, os tais "naming rights", do Estádio José Alvalade?
A expectativa é global. É uma matéria que tem de ser avaliada em função do mercado e das oportunidades, de investidores que podem querer potenciar a sua marca. Tomando como referência o valor recebido pela Academia [1,2 milhões de euros/época], gostaria de multiplicar por dez [12 milhões de euros/ano].
Ao falar de formação é incontornável recordar a sua figura maior: Cristiano Ronaldo. Espera que volte ao Sporting?
Claro que sim.
Espera ser ainda presidente?
Claro que sim, não estou a pensar em ir-me embora. Vim para ficar. Os jogadores têm de sentir gosto de estar no Sporting, além de terem sido formados no clube. É gratificante. Criar a simbiose e as pessoas sentirem-se em casa é o que pretendemos no futuro: que fiquem mais anos no Sporting.
Caem-lhe bem as intervenções de Eduardo Barroso?
Faz questão de dizer que fala como adepto. É conhecido por isso, não fala como presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting. Quem responde pelo Sporting sou eu, e ele respeita isso.
Mas ele faz uma crítica à arbitragem...
Não é o presidente da Mesa da Assembleia Geral, é Eduardo Barroso, o adepto. Não está a vincular o Sporting.
Têm uma relação pacífica?
Totalmente. Temos um acordo: o que ele diz não é como presidente da Mesa da Assembleia Geral.
O físico de Godinho Lopes não é o mesmo que O JOGO encontrou na entrevista que o então candidato à presidência concedeu a 2 de Março de 2011. As diferenças são notórias, fruto de correrias e desgaste intenso no exercício de funções, como o próprio confessou. 
Tenho menos cabelo agora e perdi oito quilos, mas como as coisas são feitas com prazer, apesar das dificuldades, não há problema."
Já se percebeu que, ao contrário do sucedido no Verão, não há dinheiro para o Sporting se fortalecer no Inverno...
Carlos Freitas tem sido excelente, porque tem encontrado as soluções adequadas para o que tem sido pedido. Nesta altura do ano foi-lhe dito que não tem dinheiro face à situação do mercado, porque a situação que encontrei é rigorosamente aquela que esperava encontrar. Definimos um valor de investimento que foi ligeiramente ultrapassado, gastámos cerca de 35,5 milhões de euros e tinha falado em 30 milhões de euros. Temos de encontrar dinheiro para o dia-a-dia e salários, daí ter de haver dinheiro para a tesouraria que tem de ser utilizado mediante determinados moldes e não pode ultrapassar o plafond salarial que está previsto. A preocupação principal é a de garantir que os jogadores que estavam lesionados regressem em condições. Tirando Rinaudo, ficaremos com a equipa quase toda para jogar em Janeiro, e esse é o primeiro nível de reforços. O segundo, na medida em que não há dinheiro, é simples: ou entram jogadores por empréstimo, ou que regressam à Academia [caso de Renato Neto].
O treinador fez-lhe pedidos exigentes?
Domingos Paciência conhece as limitações e sabe que a última decisão é minha. Partilho e não há imposições. Todos conhecem os inconvenientes e procura-se resolver as coisas da melhor forma. Posso dizer que, além de Renato Neto, vai aparecer outro jogador [n.d.r. Xandão foi noticiado depois desta entrevista]. Portanto, sempre soubemos quais os lugares, que jogadores pretendíamos. Um já cá está, o outro começa em breve. O terceiro...
Um avançado?
Está a ser analisado e pode vir ou não vir. Vamos ver.
A equipa directiva é para continuar?
Conheci a maior parte das pessoas mês e meio antes das eleições, e o que nos unia era sermos do Sporting. É o mais importante para todos nós, privilegiando a competência. Detesto as vaidades, mas felizmente encontrei pessoas que estão preocupadas com o clube e colocam-no à frente dos seus interesses. Tenho sete elementos em 11 que têm menos de 40 anos e fazem um trabalho espectacular. Na Academia a mesma coisa.
Volta e meia ouve-se que Carlos Barbosa pode sair...
É cíclico. Ou é Carlos Barbosa, ou é Luís Duque, ou é Paulo Pereira Cristóvão... Acham que devem pegar por qualquer coisa. Carlos Barbosa desempenha uma função no clube, e bem. Sabe o que faz. A equipa é uma mais-valia. Estou satisfeito.

Para quando o arranque da construção do pavilhão?
É uma dificuldade adicional no contexto actual. Já não tem a ver com aprovações, mas com o aumento do endividamento do Sporting e a necessidade de criar condições para um pavilhão autopagável. Essa é uma situação que nos preocupa e espero dar brevemente uma resposta a isso.
Para esta investida no mercado foi decisiva a pressão feita por Luís Duque antes da viagem para Roma, ao dizer que o Sporting, "para manter os níveis de competitividade", deveria reforçar-se?
Foi mal interpretado. Quando se faz uma frase completa e se tira parte dela é visto como pressão. Disse: "Se houver condições financeiras." Luís Duque é administrador da SAD do Sporting e não é um funcionário, conhece quais as condições financeiras. Se fosse dito pelo treinador, que não é administrador, poderia ser entendido como tal.
Essa declaração pode ser vista como uma forma de pressionar o presidente Godinho Lopes, mas também um modo de expor o problema…
Sim, é uma forma de expor. Sou presidente da SAD e conheço as dificuldades em torno da equipa, e essas estão relacionadas com as lesões. A equipa foi pensada e tem correspondido, por isso queremos preservá-la. Por outro lado, é preciso ter em conta que nesta altura do ano o Sporting é a única equipa que está nas quatro competições. Houve uma decisão clara de considerar qualquer uma das competições importantes, têm o seu prestígio. São todas importantes, desde a Taça da Liga ao campeonato. O próximo jogo com o Rio Ave é importante e pode garantir uma participação relevante nessa prova.
Olhando para o relvado e o seu estado, não o preocupa? Está mau ou é só aparência?
O que se viu no relvado no jogo contra o Marítimo foi areia. Vamos substituir metade da faixa lateral e vamos trocar a outra. Vamos fazer umas plantações adicionais noutras zonas. Estará em condições para o clássico. Optámos por qualidade. O que se viu não eram peladas, mas sim areia. Queremos manter um relvado natural de qualidade.
Lamenta que Carlos Xistra e José Cardinal não tivessem uma página no Facebook para se penitenciarem pelos erros objectivos de arbitragem cometidos em prejuízo do Sporting?
Cada pessoa, como indivíduo, tem a sua própria consciência e actua da maneira que entende. Uns penitenciam-se na Igreja, outros no Facebook, outros com amigos ou colegas, isso é indiferente.
Aceita a prática seguida por Duarte Gomes?
A única que aceito é que o Sporting não fique sem três pontos. O penálti de Jardel sobre Onyewu, no jogo com o Benfica, ou de Adrien sobre Insúa, com a Académica, são casos objectivos de penálti. Prefiro receber os três pontos de um lado e de outro, do que desculpas depois. Pedidos de desculpas não me satisfazem.
Qual é a relação entre a Direcção e a estrutura do futebol com os fundos de investimento, em particular com o que Jorge Mendes e Peter Kenyon formam [Quality Football Ireland Limited]?
Essa resposta já foi dada. O Sporting está cotado em bolsa na CMVM e comunicou aos seus parceiros de forma clara. Indicámos o valor da contratação, a percentagem dos passes que foi transaccionada e com quem o fizemos. Somos detentores dos direitos desportivos, quem faz essa gestão somos nós, e temos outros parceiros. Esse é o modelo. Criámos o fundo ESAF, estão lá os jogadores, os nomes e as percentagens todas. Mas no Sporting não basta ter parceiros, tem de haver liquidez diária. Podemos ter um parceiro que contrate o melhor jogador do mundo, mas se o salário for superior à média que temos, desarticula o plantel. Depois é preciso ter dinheiro para pagar os salários que os fundos não pagam. De que serve ter enormes fundos e parceiros se isso não influencia o dia-a-dia? É uma falsa promessa falar em fundos, isso não existe. Só ajudam na compra.
Podem ajudar na medida em que a comparticipação alivia o investimento do Sporting. Aquilo que o clube poupa na compra pode direccionar para o dia-a-dia...
Do ponto de vista financeiro sim, mas do ponto de vista económico, ao serem parceiros, querem que seja garantido o capital. Nas amortizações teremos de considerar tudo, pois um dia teremos de devolver o capital. Estaremos a adiar um problema. Temos é, na fase de evolução do clube, um momento em que são necessárias parcerias, e à medida que se vai vendendo jogadores, melhorando as vendas, vai-se libertando um pouco para criar a sua própria autonomia.
Olhando para o futuro, que fatia orçamental irá contemplar para a criação da equipa B? 
A perspectiva é que o crescimento natural dos juniores vá para a equipa B e depois para a equipa principal. Se por um lado é um custo, por outro é uma receita, porque podemos contratar menos jogadores na equipa principal. Já fazemos isso com os juniores. Queremos criar uma sinergia, para que não tenhamos a necessidade de termos tantos jogadores para os mesmos lugares. Deverá custar entre três a quatro milhões de euros. 
Está a pensar em Sá Pinto para treinador? 
[risos] É extremamente importante que as pessoas com aptidão para uma determinada função, onde demonstram excelente capacidade, se afirmem nos lugares. Sá Pinto está a fazer um excelente trabalho e há que ser exigente. Esse bom trabalho dará jogadores à equipa principal. Não estou a dizer que não possa ser promovido. É um trabalho fundamental para a formação. É importante que Sá Pinto esteja naquela função, porque consegue o resultado. Têm lá jogadores, qualidade, têm raça, fibra e gostam do Sporting. Sá Pinto, naquela função, é extremamente importante. Tirar a pessoa desta função e substituí-la por outra é um erro. Está numa função decisiva, é ele que forma os ases de amanhã.

Há jogadores que estão a pouco mais de ano e meio de terminar o contrato com o Sporting. Em que ponto estão os processos de renovação de Rui Patrício e Daniel Carriço? Pode prometer a continuidade deles?
Estão na fase da negociação. Estão a ser objecto de análise. As propostas estão em cima da mesa.
Confirma que há uma grande diferença de verbas entre as partes?
Não é problema. Rui Patrício e Daniel Carriço já mostraram maturidade suficiente na sua relação com o Sporting, e gostam de estar no clube. Os activos têm de ser hoje enquadrados como não estando de passagem. Quem entra para a formação tem de ter como referência a equipa principal e não jogar no Manchester United, Real Madrid ou Barcelona. O Sporting é reconhecido pela sua excelente formação, mas a marca não tem o mesmo valor da formação, e os jogadores têm passado pelo clube e depois valorizam-se noutros lados. O Sporting não ganhou a Liga dos Campeões nem a Liga Europa, não tem um currículo internacional muito forte, e a nossa preocupação é dizer aos jogadores que o destino é a equipa principal. Queremos que tenham o gozo de jogar na equipa principal e não a vontade de sair. Os jogadores que saem da formação, ao saberem que queremos que entrem na equipa principal, já ficam com uma visão de um nível salarial bom, pois também têm direito de o ter, já que contratamos outros jogadores que têm essa perspectiva.
Mas é preciso fazer dinheiro com a venda de activos...
O Sporting sabe que necessita de aumentar as suas receitas, o que é diferente de ter de aumentar as suas receitas com a venda de activos. Para termos uma equipa sustentada e sustentável, temos de a manter o mais estável possível. Não posso garantir que não apareça alguém e bata a cláusula de rescisão, mas em condições normais queremos manter a equipa. É evidente que há valores que os jogadores têm pelos quais podemos dispensá-los. Se o Sporting entender que é um bom negócio, podemos negociar abaixo da cláusula de rescisão, mas o nosso objectivo não é vender. Queremos ganhar sustentabilidade e fazer com que a equipa do Sporting, a sua marca, tenha um valor diferente do que tem. Queremos é aumentar as vendas noutras vertentes para sermos independentes da venda de activos.
E a Anderson Polga, vai renovar-lhe o contrato?
Polga disse que não estava à procura de pré-contratos e que se sentia bem no Sporting. É um verdadeiro capitão e vai ter um tratamento adequado no final da época. Quando o ambiente é bom, tudo melhora um pouco.
Foi só o ambiente que originou a subida de rendimento de Polga e de outros jogadores?
Tudo funcionou. O paradigma de contratação tem mostrado isso. Os jogadores da formação agora reagem de maneira completamente diferente às adversidades. Daniel Carriço, por exemplo, é um verdadeiro leão. Tudo porque o ambiente é diferente, a equipa está mais elevada e ele cresce também com ela. A maneira como lideramos também conta. Três horas antes de os jogos começarem, estou sempre com os jogadores; desloco-me à Academia nos mesmos dias. As pessoas percebem que há uma relação de proximidade com uma hierarquia completamente definida, sem haver choques nessa estrutura. Os salários são pagos a horas, há um conjunto de situações que fazem com que o ambiente seja outro. Se falar hoje com Polga vê um sorriso. Está tranquilo e sabe o que quer. É uma questão transversal a vários jogadores. Agora a equipa junta-se no meio do relvado antes dos jogos e no final vai agradecer aos adeptos. Foi uma decisão deles.

Quando Pinto da Costa dá um espirro os árbitros constipam-se", disse Eduardo Barroso. Assina por baixo?
Ele falou enquanto adepto. A relação que cada clube acha que deve ter com Liga e arbitragem é um problema de cada presidente. Não devo fingir e assobiar para o lado, dizendo que não tenho nada que ver com a FPF e Liga de Clubes. Quis participar e dizer quem é o meu representante. Não quero ser beneficiado e não quero ir para um jogo com cartas marcadas. Tenho de pugnar pela qualidade final do pacote. Entendo que devo trabalhar nas instâncias por dentro para que elas.
Que espera de Vítor Pereira à frente da arbitragem?
Espero que ele não possa, enquanto único responsável, atirar a culpa para A ou B. Espero que haja legislação, observadores, notas e escolhas adequadas, por forma a que o espectáculo seja melhor. Não aponto o dedo a A, B ou C, mas quero ter a certeza de que a minha equipa saiu do jogo e ganhou ou perdeu de forma justa.
Essa perspectiva aplica-se a Fernando Gomes?
Sim, claramente. Já estamos a falar de outra coisa para além da arbitragem. O que quero é equidade. A arbitragem tem de funcionar com profissionalismo e equidade. Não posso ficar com a ideia de que começo o campeonato com menos sete pontos. Isso é que é errado.
Esses sete pontos, somados aos que tem, dariam a liderança ao Sporting...
Sim, mais o caso da Académica. Na Taça, no jogo com o Marítimo, André Martins adianta a bola e é abalroado a seguir dentro da área. Um penálti claríssimo.
Qual foi a melhor contratação que o Sporting fez no Verão?
O grande negócio que fez foi a equipa que tem. Desde a equipa técnica, à estrutura do futebol e Direcção. Tudo o resto aconteceu com segurança, e os jogadores são uma consequência. Não tenho um jogador de que diga que estou arrependido de ter contratado.
Quando olhou para os nomes, qual foi aquele que não esperava contratar? Schaars?
Tenho confiança na equipa que está à procura, pois respondem-me com jogadores que são das selecções dos respectivos países, logo não são uma novidade. O risco é teoricamente menor. Liedson é que foi um caso raro. Para diminuir o grau de incerteza, definimos que os jogadores tinham de fazer parte das suas selecções. Depois há a idade, a mistura das idades. E foi nesta mistura bem feita que o sucesso apareceu. É difícil dizer se algum dos jogadores que pode ter surpreendido resultaria fora deste enquadramento. Já repararam que há dois jogadores de cada nacionalidade no plantel? Dois argentinos, dois holandeses, dois peruanos... É mais fácil a integração. As coisas não são feitas por acaso.
Em que ponto está o processo de fecho do fosso do Estádio José Alvalade?
Estamos a pensar avançar primeiro com os topos e depois com as partes laterais, pois ainda é um custo avultado. Um milhão de euros no total. Uns sítios vão ter publicidade e outros cadeiras. Provavelmente no final desta época estarão construídos os topos.
Há capital angolano no Sporting?
Não. Veja quantas equipas de futebol têm capital angolano. Se olhar para o mercado internacional e vir onde se gosta de futebol, de onde vêm os investimentos... É essa a relação.
O Catar pode representar um mercado a explorar?
Também. Estou a pensar em paragens onde há dinheiro e capacidade de investimento, onde há possibilidades efectivas de, gostando de futebol, poder investir. Se estou à procura de aumentar as vendas quando não há dinheiro, tenho de ir à procura dele.
Mercado asiático?
Por exemplo.
Daí a importância das escolas Academia?
Por exemplo. O que está em causa são os mercados onde há dinheiro, gostam de futebol e há vontade em investir no futebol. São vários factores.
Indicou o nome de Couto dos Santos para a Liga de Clubes. Mas depois...
Disse-me que estava disponível para a Liga e apoiei, mas por razões pessoais decidiu sair. A perspectiva é que fique em outras funções, como presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga. Apoio António Laranjo para a presidência da Liga.
Quantos lugares de época idealiza vender em 2012/13?
Estamos perto das 26 mil vendidas esta temporada, e agora estamos com novas vendas. No primeiro ano em que estive no Sporting, em 2003, fizemos 34 mil. Se pudermos repetir esse número, será excelente.

Depois de tudo o que se passou antes e depois do dérbi, como estão as relações entre Sporting e Benfica?
As relações entre duas instituições como Sporting e Benfica não se questionam. Como se cortam relações entre duas instituições com mais de cem anos que já existiam e vão continuar a existir? Existem pessoas, e a relação é que pode ficar mais ou menos sentida, mais ou menos amachucada. Aquilo que se passou no dérbi fez com que apresentássemos uma exposição à Liga para defender a imagem do clube. Houve uma danificação dessa imagem através do tratamento dado a dois dirigentes.
Será bem recebido na segunda volta?
Sim. Temos uma relação com as organizações de adeptos completamente sistematizada. Temos tudo assinado e entregámos o regulamento e as normas ao ministro da Administração Interna. Quem prevaricar é expulso. Queremos elevar o futebol, colocar o fair play acima de tudo e ganhar dentro das quatro linhas. Quero é ganhar aí. Se o Benfica tivesse vindo jogar em Alvalade para a Taça de Portugal, em vez das cinco pessoas para revistar os adeptos, estariam 50 ou as que fossem necessárias. Queremos trazer as mulheres e as crianças ao futebol. Não queremos pôr gaiolas, mas abrir as portas.
Falou com Luís Filipe Vieira depois do dérbi?
Não. Colocámos o processo na Liga de Clubes, não tenho razões para telefonar. O Benfica é igual ao FC Porto e a qualquer equipa. Por acaso falei com Jorge Nuno Pinto da Costa por causa da questão da Liga de Clubes. Falamos com naturalidade entre presidentes quando é necessário.
Ficou refém das declarações do seu vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão na noite do dérbi? Subscreveu-as no dia seguinte...
As coisas têm de ser colocadas no momento e no contexto. Paulo Pereira Cristóvão fez aquelas declarações naquele momento e contexto. Fora daquele momento e contexto teria feito outras declarações. Temos de enquadrar a maneira como foram feitas, o porquê de terem sido feitas e a pressão a que estiveram submetidas. Respondeu, e bem, naquele momento e contexto. Revi-me nas declarações naquelas condições.


Fonte: O Jogo Online

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