Saudade não é só uma palavra do fado, essa forma de expressão que nos atira para a mais pura e lusitana melancolia, ela é também sinónimo doutras coisas, de algo que ficou para trás e que gostaríamos de nunca ter perdido, resumindo, ela é a essência das coisas que sabemos que, não durando para sempre, queriamos de uma forma ou de outra manter sempre vivas.
Liedson Da Silva Muniz, a sua história e a do Sporting cruzam-se, são diferentes, mas interdependentes, um sem o outro seriam indubitavelmente mais pobres, ou melhor, menos ricos, foram sete anos e meio da mais forte cumplicidade, harmonia e reciprocidade.
Chegou ao Sporting em Julho de 2003, dele sabia-se que tinha alcançado o futebol profissional tarde (22 anos), embora começando "atrasado", jogou em três clubes de dimensão nacional no seu país natal, Coritiba, Flamengo e Corinthians, a este último o Sporting haveria de pagar 3,3 milhões de euros, e o Levezinho rumava a Lisboa.
O resto da história, todos ou quase todos conhecem, foram 256 jogos, 137 golos, números alcançados com a camisola verde e branca, um registo "fabuloso" para quem tinha chegado a Alvalade com 25 anos e meio, um pouco tarde demais, mas a tempo, bem a tempo de enriquecer a história do Sporting Clube de Portugal, e assim por direito próprio, ganhar nela lugar de destaque...havia ainda de jogar 14 vezes pela Seleção de todos nós, onde marcou 4 golos, mas essa é outra história.
Despediu-se numa noite fria de Fevereiro (com dois golos à Naval), chorou no "adeus", que como ele disse "era um até já", e das bancadas as lágrimas foram retribuídas, nunca na história centenária do Sporting houve despedida tão profunda, tão feliz e inversamente tão triste, nunca como naquela noite de Fevereiro, as partes (Liedson, Sporting e sportinguistas) sentiram, com toda a força, o peso da palavra...saudade.
Saudações leoninas,
Ruben Proença de Amorim
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