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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Grandes Treinadores: Malcolm Allison


Nasceu a 5 de Setembro de 1927 em Dartford (Inglaterra), filho de um engenheiro eléctrico e de uma dona de casa, cedo Malcolm mostrou dotes para o futebol, rapaz irrequieto, de ar traquina, muito inteligente e desenvolto para a idade, fez a sua formação jovem no modesto Erith & Belvedere, até que o Charlton avançou para a sua contratação, em 1945.
Mas nos "vermelhos" de Londres Allison não seria feliz, cinco épocas, várias lesões, muitos problemas no balneário, com colegas, treinadores e dirigentes, em seis anos de Charlton, só dois jogos disputados, pouco, muito pouco para quem estava no começo da carreira.
O West Ham aproveitando o fim de contrato, contratou Malcolm, em 6 anos seria a figura de proa da defesa do clube londrino, 238 jogos - 10 golos, abandonou os relvados em 1957, com trinta anos, ainda participaria da conquista da Second Division de 1957-58, o seu único título como jogador, retirava-se o atleta, surgia o treinador.
Começou a treinar em 1963, no modesto Bath City, de onde se mudou para o Toronto City (Canadá), seguindo-se várias passagens por clubes ingleses (Plymouth, Manchester City, Crystal Palace e Yeovil Town), pelo meio dois anos na Turquia, ao serviço do Galatasaray, onde, ao contrário do esperado, não foi feliz.
No Verão de 1981, "Big Mal", como já era conhecido, chegava a Alvalade pela mão de João Rocha, o seu gosto pelo charuto e pela bebida, aliado à excentricidade nos modos e no vestir, criavam alguma expectativa e apreensão nos sportinguistas, seria um "génio" ou um "louco"?...dúvidas essas para esclarecer mais adiante.
Rapidamente Malcolm Allison surpreendeu dirigentes, jogadores e adeptos, os seus métodos de treino, a forma como preparava fisicamente a equipa, aproveitando ao máximo as qualidades técnicas e físicas dos atletas, eram de topo, sem supresas, e logo na 1ª época, "Big Mal" ganharia a tripla, Campeonato, Taça e Supertaça, com um futebol agressivo e de grande pendor ofensivo.
Disse na pré-temporada seguinte, que tinha um chapéu alto, exuberante, e que iria desfilar com ele em Alvalade depois do Sporting ganhar a Taça dos Campeões 1982-83, sinal da imensa crença que tinha nos jogadores que dirigia, mas o estágio na Bulgária (Varna) deitaria tudo por terra, prostitutas na concentração, jogadores alcoolizados, o próprio "Big Mal" ausente.
Perante este cenário, ao Presidente João Rocha só restavam duas alternativas, "abafar" o caso, arriscando-se a que o mesmo fosse conhecido mais tarde e lhe caísse no colo, como uma "bomba", ou denunciar a situação e demitir Malcolm Allison...o então Presidente do Sporting jogou pelo seguro, e optou pela 2ª via.
Acabava assim, talvez cedo demais, a ligação do treinador inglês ao Sporting, mas ficaria para sempre na memória dos sportinguistas como um dos seus maiores e mais exuberantes timoneiros, seguiram-se Middlesbrough, Willington e Seleção do Kuwait, antes de regressar a Portugal em 1986 para orientar o Vitória sadino, mudando-se em 1988 para o Farense, terminando a carreira no Bristol Rovers em 1993, depois de uma passagem pelo Fisher Athletic.
No seu palmarés de treinador constam, 3 First Division, 1 FA Cup, 1 League Cup, 2 Charity Chield, 1 Taça das Taças, 1 Campeonato português, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça Cândido de Oliveira, que o tornaram num dos mais bens sucedidos treinadores do futebol britânico, sem nunca ter treinado um clube de topo do futebol inglês e europeu.
Em 2001 o seu filho viria a público afirmar que Big Mal sofria de alcoolismo crónico, e que tal facto afectava a sua saúde, em 2009 foi-lhe diagnosticada demência, morreria a 14 de Outubro de 2010 num lar, aos 83 anos, o seu funeral, com direito a cortejo, com passagem pelo Estádio City of Manchester, seria "escoltado" por mais de 300 pessoas, no caixão uma bandeira do Manchester City, e ao lado um frapé com uma garrafa de Möet & Chandon.


Morria o homem, mas ficava a sua história, a de quem revolucionou os métodos de treino e abordagem aos jogos em Inglaterra, ganharia dos sportinguistas, além da gratidão, um profundo sentimento de respeito e amizade...


Saudações leoninas,
Ruben Proença de Amorim

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